Integra a iniciativa, apresentações musicais na feira de Santo Amaro,uma exposição, seminários, exibição de vídeos e realização de oficinas musicais. Parte das ações terá como cenário o Solar Biju, edificação originária do século XIX, de propriedade do IPAC,construído em 1804 e localizado na Praça da Purificação. “O universo cultural do Recôncavo reúne dezenas de elementos identitários, onde existem patrimônios materiais e imateriais, modos de ser e fazer a cultura que merecem ser protegidos e exercitados pelo povo que os vivenciam, garantindo a continuidade dessas práticas para as novas e futuras gerações”, comenta o diretor geral do IPAC, João Carlos de Oliveira.
Roberto Mendes |
Para Roberto Mendes, o projeto é apenas uma maneira de trazer o Santo Amaro e sua história, para os santo-amarenses. “Debruçar-se na história do povo do Recôncavo, seu comportamento, sua concepção artística e, ao mesmo tempo, técnica da criação desse ritmo musical é, sem dúvida, dar oportunidade de conhecimento da diversidade cultural, além de preservar essa manifestação para as gerações futuras através da oralidade”, destaca Mendes.
PROGRAMAÇÃO e HISTÓRIA – Os tombamentos de registros de bens culturais são importantes pois ao serem reconhecidos oficialmente eles passam a ter prioridade nas linhas de financiamento, sejam elas municipais, estaduais, federais ou até internacionais. “O apoio da Secult/Ba a esse projeto em Santo Amaro permite extensa programação durante 90 dias justamente na temporada de verão, criando mais um calendário para a cidade, atraindo ainda populações de municípios vizinhos e turistas, com atividades de alta qualidade e implementando a economia local”, finaliza o diretor João Carlos.
A Chula é música, fé, dança, poesia e festa, embalada pelo violão em percussão ferida. É o samba antes do samba. Ela surge no meado do século XIX. Quando do fechamento da Baía de Benin, os sudaneses, passando pela Ilha da Madeira, trazem para o Recôncavo a viola 3/4 e a machete. Aqui se juntam ao batuque (cabila, ou cabula), já existente no Brasil há 200 anos. Juntos, formam o canto violado que passou a se chamar de Chula. O samba de roda, que foi declarado obra-prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade em 25 de novembro de 2005, é uma das vertentes da Chula, que Roberto Mendes define “como um belíssimo canto português com letras compostas organicamente em redondilhas menor e maior”, ou seja, em versos de cinco e sete sílabas.
Os mais antigos registros remontam ao século XVIII e são descritos como uma manifestação musical, onde homens negros tocavam instrumentos de percussão e cantavam, num ritmo que remontava à matriz africana. Uma tarefa difícil que era transformada em autêntica festa, com canto forte e coral dos negros. Uma missão traduzida em especial beleza poética e musical.
Na exposição itinerante “Chula: comportamento traduzido em canção”, além de fotografias, o público terá a oportunidade de conferir painéis que irão retratar a história da chula, do samba e também depoimentos de personagens importantes do Recôncavo, como João do Boi, Alumínio, Dona Dalva, Rita da Barquinha.O projeto “Chulas na Feira” é fruto de um termo de cooperação técnica assinado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC), vinculado a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) e a Ong Roda Baiana.
SERVIÇO
04/11 - Show de Roberto Mendes e convidados na feira de Santo Amaro
18/11 –Show de Roberto Mendes e convidados na feira de Santo Amaro
02/12 –Show de Roberto Mendes e convidados na feira
06/12 -Seminário “Olhares do Patrimônio: valorização e preservação do patrimônio cultural imaterial através da oralidade”.
06/12 - Apresentação do Recôncavo Experimental
12/01 /18 - Lançamento da Exposição “Chula: comportamento traduzido em canção.
Por Cleide Nunes/Com Fotos de Kithi