Com a greve dos caminhoneiros em seu oitavo dia, não só combustível como tudo que é transportado por caminhão está ficando cada vez mais escasso. Mesmo com a medida do governo em usar a Força Nacional para desbloquear as rodovias, caminhoneiros de todo o país continuam protestando e também impedindo que cargas diversas cheguem aos seus destinos.
Neste sábado, 26, a feira livre no Centro de Abastecimento de São Gonçalo também serviu para avaliar os impactos da greve na cidade. Sem produtos para comercializarem, feirantes venderam apenas o que tinham no estoque e o pouco que conseguiram comprar para revender na feira. Por voltas das 15h os feirantes começaram a recolher seus materiais e voltar para casa. Os supermercados ainda têm produtos nos estoques, mas caso o fim da greve não seja realmente reconhecido pelos caminhoneiros, nos próximos dias também vai começar a faltar produtos nas prateleiras.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o abastecimento de carne de aves e suínos pode demorar até dois meses para se normalizar depois que for definitivamente encerrada a greve.
Segundo a associação, até agora 64 milhões de aves adultas e pintinhos já morreram. “A associação lamenta anunciar que a mortandade animal já é uma realidade devido à falta de condições minimamente aceitáveis de espaço e quantidade de ração”, disse em nota. O número de animais que não estão recebendo alimentação suficiente por falta de ração é de 1 bilhão de aves e 20 milhões de suínos.
A greve levou à suspensão das atividades em 167 unidades de produção de carne suína e de aves. O número representa mais de 234 mil trabalhadores com suas atividades interrompidas.
Além do mercado interno, há impacto ainda nas exportações de carne. Até agora, ainda de acordo com a ABPA, 100 mil toneladas de carne de aves e de suínos deixaram de ser exportadas. A entidade estima que o impacto seja de US$ 350 milhões.
O diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin, afirmou neste domingo no Palácio do Planalto que o setor contabiliza R$ 3 bilhões em prejuízo em razão da greve, que chegou ao sétimo dia. Os caminhoneiros protestam contra o aumento no preço do diesel.
Por Sandro Araújo