O número de mortos chegou a 76 até as 21h30m de ontem, o Departamento Médico-Legal continua superlotado e o confronto entre oficiais da PM e representantes do governo estadual se intensifica, com acusações dos comandantes e ameaças de insubordinação da tropa, deixando improvável uma solução rápida.
Segundo o presidente do Sindirodoviários do Espírito Santo, Edson Bastos, os ônibus não circularão na Grande Vitória, nesta quarta-feira. Em post publicado na noite desta terça-feira em seu Facebook, ele esclarece que após autorizar que parte da frota circulasse pela região, motoristas de ônibus ficaram expostos à violência que assusta o estado e, por isso, não vão tirar os carros da garagem. Segundo Edson, membros da categoria tiveram armas apontadas para cabeça e sofreram assaltos.
As autoridades do estado promoveram uma ofensiva ontem contra a paralisação. O secretário de Segurança, André Garcia, classificou como “chantagem” e “teatro” o movimento liderado por mulheres dos oficiais, que bloqueiam as entradas dos batalhões.
O movimento que vem sendo realizado é irresponsável. Tem apostado no caos para tentar, colocando a sociedade de joelhos, pressionar o governo. São cenas revoltantes e ridículas. O movimento não quer conversar. Quem acha que rompemos o diálogo está enganado, disse o secretário.
Ao mesmo tempo, a Justiça do Espírito Santo determinou a retomada das atividades até as 16h, o que não ocorreu. À noite, a Secretaria de Segurança informou que quatro batalhões (o grupo tático Rotam e os das cidades de Vila Velha, Cachoeiro do Itapemirim e São Mateus) voltariam às atividades ainda na noite de ontem.
Policiais ligados às quatro associações de PMs e Bombeiros do estado negaram que integrantes dos batalhões de Vila Velha e São Mateus tenham voltado às ruas. As declarações do secretário de Segurança foram recebidas como fim de linha para uma negociação com o governo. E oficiais das associações dizem ainda que os policiais estão dispostos inclusive a serem presos em função do descumprimento da decisão da Justiça. Eles argumentam que não estão no comando do movimento que deixou as ruas sem policiamento e, portanto, a decisão não faz sentido. Os policiais negam estar em greve, o que é proibido pela legislação militar.
Esta declaração do secretário é absurda, de quem não quer conversar. A categoria luta por melhores salários há mais de um ano. Agora, este movimento não é, e não é mesmo, oriundo das nossas associações. É um movimento das mulheres de policiais, que inclusive rechaçam nossas associações nos debates com o governo, diz o capitão Elizandro, da Associação de Oficiais da PM do Espírito Santo.
O Globo
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